domingo, 18 de março de 2012

"Turbulências & Conflitos"

Meses se passaram e eu evaporei do mundo. Acumulei sentimentos bons e ruins, ideais novos e alguns sonhos frustrados. 
Algumas decepções me afastaram do mundo real e virtual. Passei por uma época maravilhosa, meus sentimentos estavam em ordem. Estava apaixonada e minha vida parecia estar organizada e calma. Estas coisas juntas me completavam. Talvez por tudo "parecer bem", não percebi. Devagar e sorrateira coisas foram se perdendo. Eu me vi frustrada e amarga. Não tive dúvidas, tinha que sair de cena e organizar meus pensamentos. Minha vida estava se perdendo. O que aconteceu dentro de mim? Não sei. Não consegui descobrir.  Então resolvi partir para outros caminhos, me afundei no trabalho, me isolei das pessoas e do mundo. Cada dia que passava me envolvia em mais coisas. Meu tempo tinha que ser ocupado totalmente. Me desapaixonei, perdi o tesão...deixei de suspirar. Organizei coisas, li cartas antigas. Me emocionei vendo algumas fotos, outras rasguei. O que levaram de mim na realidade? Quem levou? Não sei, foi uma avalanche de coisas misturadas. Entrei em conflito. Quanto mais eu tentava culpar alguém, menos achava um nome. Quanto mais vasculhava o meu interior procurando o que aconteceu....mais eu me enrolava. Depois de meses percebi que não havia um nome, nem um motivo. Era somente eu insatisfeita com algo que não acontecia como eu queria. Nem sempre querer é poder. Não queria mais brigar com a vida, nem tão pouco me afastar de nada. Perdi totalmente o foco dos meu planos. Deixei de cumprir metas estipuladas por mim. Idealizei algo simples, cúmplice, amigo e não aconteceu. Fazemos planos, colocamos no papel, mas nem sempre o vento é favorável. Basta soprar em outra direção e tudo se perde. Foi isso que aconteceu. Este desequilíbrio da natureza me abala. Gosto do certo, do tratado e cumprido. Quando isso não acontece, fico como as ondas do mar, vou e volto espumando. Caminhei tanto, para chegar em um ponto. Perdi a direção em tão pouco tempo. Não podia ter acontecido! A única maneira de retomar era zerar tudo. Organizar horários, contas, trabalho, família e amor. Algumas mudanças foram radicais, reconheço. Mas foi preciso. Entre sim e não perdi um amor. Depois de pesar os prós e contras percebi que não perdi nada...Aquele turbulento "amor" me fazia enlouquecer e me envolvia em conflitos. Idas e vindas. Desculpas e perdões. Nada disso  me completavam mais. Minha sensibilidade pedia algo além. Andei no mato de pés no chão. Esperei cair a noite para contemplar as estrelas. Ouvi o sussurro do vento. Voltei ao meu chão, firme e forte. No momento não quero mais tremores, quero tranquilidade, silêncio e bons pensamentos. Busquei no meu silêncio a oração dos solitários, implorei em pensamento o abraço de um amigo. O pai do universo enviou um anjo que me acolheu nos braços, pude sentí-lo. Meu sono começou a ficar mais tranquilo, estipulei novas metas, rabisquei um novo plano. Acertei pendências. Busquei meu caderno de rascunhos. Escutei minhas músicas favoritas, chorei e sorri. De qualquer forma voltei aos meus passos, um pouco mais lentos eu sei...mais voltei!!! 
Sei que alguns se foram, mas com certeza alguns ficaram. Estou aqui, isso é que importa...

segunda-feira, 5 de setembro de 2011



Quando o coração grita...


Existem dias em que o coração grita. Até sentimos que ele esta sufocado, apertado e magoado, mas vamos levando.  Aprendemos que tudo passa e que tudo tem seu momento. Tá bem, vamos esperar.  Mas e ele espera?  Não, ele não espera. Todos os dias e a todo momento ele dá um sinal. Pede socorro, dói, acelera, dispara e em algum momento para...
Porque não entendemos o momento de gritar, de falar até não ter palavras, como chorar até não ter lágrimas. Somos influenciados a engolir o choro, o grito, as emoções e frustrações. Quando crianças falamos, choramos e gritamos, alguém sempre chega e pede para não fazer assim, não ser assim. Vamos nos condicionando, os anos passam, aquilo tudo guardado vai crescendo como uma bola de neve. Durante anos da vida prevalece o silêncio, coisas acontecem e só observamos, não reclamamos e nem cobramos. Enfim, chega um determinado momento na vida que saímos desta zona de conforto. Soltamos a língua, não engolimos sapos nem lagartos. Paramos de aceitar o convencional, queremos mais...
Acredito que estou entrando nesta fase. Lembro bem quando minha mãe falava: Agora estou velha, falo o que quero, reclamo e cobro meus direitos, quem pode fazer algo? Ninguém pode... Respeitávamos suas rugas e seus cabelos brancos. Era um direito dela de revindicar os seus sonhos perdidos e calados por anos. Estou adiantada nestas cobranças, não me sinto velha, mas me sinto enganada, atropelada todos os dias. Não aceito pessoas hipócritas ao meu lado. Não aguento mais lamentações. Gosto de vida, de alegria e de cores. Quando não posso dividir isto com alguém, me recolho no meu mundo até passar. Também não sei se é o certo ou errado, mas no momento é o melhor para mim. Claro que existem pessoas que temos uma afinidade muito grande, e essa sim, acabamos contando o que nos ocorre. Sinto meu coração gritando! Eu precisava falar, chorar, lamentar ou escrever... Resolvi chorar e depois escrever. Assim eu me sentiria mais leve e mais pura para escrever algo com honestidade. Ao acordar no domingo, um sol radiante entrava pela minha janela, tinha meus planos. Meu telefone tocou, era bem cedo, uma notícia me abalou, meu coração ficou nublado, apertado e com vontade de soltar um grito. Mas a única coisa que consegui foi soltar as lágrimas, muitas lágrimas. Lembrei de pessoas que reclamam de tudo, outras que não percebem quem esta ao seu lado...Só existe a pessoa!!! Dos que tem fome e frio. Das crianças na rua morrendo com as drogas, sendo estrupadas e usadas pelos monstros chamados "seres humanos". Dos idosos jogados ao vento depois de tanto se doar. Mas a lembrança mais emocionante foi o sorriso de uma amiga, que mesmo com as adversidades lutou cada dia contra a doença maldita chamada câncer. Bravamente e corajosamente venceu esta doença todos os dias por anos afio. Mas na madrugada de sábado ela se foi, acabou sua batalha e sua luta. Seu sorriso esta na minha memória e no meu coração. Fiquei triste pela partida, ao mesmo tempo sei que ela descansou e que segundo minha crença, ela já esta em outro plano. Mas lamentei pelas pessoas que ficam e continuam se lamentando, se arrastando ao mundo como se fossem doentes irrecuperáveis. Gente mesquinha que dá com uma mão e tira com a outra. Lamentei por este nosso mundo corrupto, cheio de lixo e de pessoas sujas. Foi neste momento que consegui deixar meu coração gritar, me joguei na cama e lá sozinha gritei e chorei, falei muito com o Pai do Universo. Pedi que abrandasse meu coração. Chorei  todas as minhas lágrimas e dores pelo filho que ela deixou com seus 9 anos. Já se passaram horas, estou emotiva, mas não tão agressiva. Eu tinha que fazer algo para aliviar esta minha dor. Aqui estou, depois de muito tempo. Não sei se os parágrafos estão corretos, se os pontos e virgulas estão no lugar. Também não me importo.
Foi tudo que consegui extrair do meu ser hoje...além das minhas lágrimas.

terça-feira, 31 de maio de 2011


"Diferenças em família"

Quando somos crianças tudo é gostoso. Mesmo no meio de tantas dificuldades tudo estava bom. Minha infância foi difícil, muitas privações, divisão de alimentos, roupas sempre ganhadas de alguém. Não importava, eu era uma criança terrível, fazia meus dias render mais de vinte e quatro horas. Brincava muito na rua e brigava também, sumia por horas, chegava já ao anoitecer e apanhava. Pensava: Não faz mal, amanhã vou brincar de novo, eu sou criança! Sempre fui muito justa e protetora, acabava brigando por todos.  Defendia meu irmão mais novo um ano e três meses como uma mãe defende sua cria. Nossa! Quanta diferença de idade. Mas ele era frágil, sensível e muito chorão. Eu era brava, a valentona. Enfrentava o que fosse, jamais corria de uma briga. Me colocava no lugar dele, não permitia nem que minha mãe lhe desse um tapa, nas artes estavam os dois, eu achava que  tinha que apanhar por ser mais velha. Me colocava diante dele, abria os braços e falava: Ele não tem culpa mãe.  Fui eu! Ele me acompanhava nas loucuras de crianças, eu era o super herói preferido dele, mesmo sendo uma menina. Ao deitar eu cobria minha cabeça, chorava baixo, meu corpo ardia das surras. Não entendia porque para educar tinha que bater. Eu era muito criança para saber, mas era extremamente diferente das outras da minha idade. Achava incoerente uma criança ter que fazer comida e cuidar da casa com oito anos. Nesta época nós já trabalhávamos para trazer dinheiro para casa. Fazíamos carreto na feira, limpávamos ervas daninhas dos terrenos, lavávamos o chão do açougue, achávamos sempre algo a fazer, tudo que ganhávamos, dividíamos ou levávamos para casa. Em um outro momento contarei tudo que vivemos juntos na nossa infância, foi maravilhoso. Fui tomar conta de uma criança de oito meses, meu irmão foi trabalhar na lavanderia do bairro. Eu estava com dez anos e ele com nove. Essa era minha maior diferença, minha raiva e meu amargo, queríamos brincar, a responsabilidade de trazer dinheiro para casa e comprar alimentos não era nossa.  Os anos passaram, me tornei uma adolescente indomável, esse realmente era o termo. Mas não mudei minha forma de ser. Eu enfrentava um adulto de igual para igual. Saia escondida para dançar, minha mãe trabalhava em uma limpadora a noite, quando eu chegava levava cada surra de perder a pele. Minha mãe falava: Qualquer dia te mato de tanto te bater, uma menina tem que ficar em casa...seus irmãos estão! Eu olhando em seus olhos respondia: Se  acha que tem direito de me matar, que o faça, afinal você me colocou no mundo. Pode bater, eu já fui mesmo. Lógico que apanha mais ainda. Jamais eu perderia qualquer coisa, só porque ela iria me bater, o pior que ela sabia, quanto mais batia, mais eu fazia, essa era a nossa diferença. Completei catorze anos já no fim do curso de datilografia comecei a  trabalhar e estudar a noite  Naquela época saiamos dos bairros de madrugada para chegar a cidade, a noite, direto para escola. Logo meu irmão também começou a trabalhar em empresa. Saíamos e voltávamos juntos. Uma noite chegamos em casa cansados e com fome, mais de meia noite e meia. Entrei no quarto, minha mãe estava coberta até a cabeça, acendi a luz e perguntei se estava bem. Ela respondeu um pouco enrolada que estava. Não achei que estava, puxei a coberta. Fiquei olhando sem falar uma palavra, ela estava com o rosto machucado e a boca também. Eu disse: Foi o pai? Ela balançou a cabeça com um sinal que sim e completou, deixa para lá e virou de lado. Fiquei louca, espumei de ódio. Como uma mulher que trabalhava em dois lugares, sempre sustentou os filhos, mantinha a casa e um homem que bebia até altas horas da noite e dormia o dia todo pudesse suportar isso calada. Isso que eu gostava muito do meu pai, mas naquele momento não. Fiquei na cozinha igual um vigilante, esperando ele chegar. Meu irmão chateado pedia calma, que minha raiva não adiantaria. Sempre foi assim, dizia ele. Eu disse: Era assim, já crescemos e pagamos as contas também, não temos mais que ver esses absurdos. Meu pai entrou, sentou e ficou me olhando. Eu lhe perguntei: Porque isso? Quem pensa que é para tal covardia? Ele levantou e disse: Bati nela e bato em você! Não pensei duas vezes, nos pegamos feio a socos e tapas. Eu gritava: Nunca mais encosta um dedo na minha mãe! Meu tio pulou o muro e me segurou, jamais soube de onde tirei toda aquela força, sei que dei um trabalhão, pois meu tio não conseguia me dominar. Minha mãe só chorava. Depois que passou a confusão, fui para o quintal, me sentei na grama e chorei muito. Eu estava arrependida por tudo aquilo, mas não encontrei outra forma de agir. Não entendia porque batia em sua mulher, mãe dos seus filhos. Engraçado, depois daquele episódio, minha mãe não me bateu mais. Ela,  da sua forma entendeu que eu era danada porque queria viver como qualquer criança, qualquer adolescente, mais eu a amava muito. Por incrível que pareça eu era a "negrinha" do meu pai, apelido carinhoso que ele me deu. Meus irmão brancos como leite, eu morena. Levei uns tapas dele uma única vez, mereci.  Ele era bom para mim. Sempre o defendi, dei banho quando ele chegava sujo e alcoolizado. Eu o buscava nos bares, comigo ele vinha. Tinha uma imensa pena dele como ser humano. Ele se magoou muito com minha atitude. Passado uns dias, tudo calmo em casa, pouca conversa, ele me chamou lá fora. Estava sóbrio. Sentei do seu lado em silêncio. Ele disse: Filha eu te entendi, no seu lugar acho que faria a mesma coisa. Quando ele levantou eu o abracei e chorei. Pedi desculpas. Ele me olhou e disse: Eu te ensinei a brigar e te ensinei a se defender. Você aprendeu bem...e deu risada. Nunca mais ele bateu em minha mãe, continuou bebendo até falecer. Senti muito sua partida pois éramos cúmplices, sei que por mim ele matava e morria. Éramos amigos. Na semana do meu casamento pedi a ele para não beber, afinal ele tinha que entrar na igreja comigo, ele era meu pai. Foi um dos meus maiores presentes. No dia eu muito nervosa, ele sumiu. Já estava pensando em entrar com meu irmão. Escutei risos e conversas, era ele. Terno, camisa, sapatos, tudo novo. Barbeado, com os cabelos bem penteados com brilhantina. Ele me abraçou e disse: Estou lascado de dívida, vou ter que beber menos ou não pago as prestações e deu risada. Ele era muito divertido quando queria. Mas depois que você casar estou liberado? Quero dançar e beber até de manhã, afinal não tenho mais filha para casar, você é a única. Tudo foi muito lindo, ele entrou comigo de cabeça erguida. Tirou fotos e depois caiu na farra até as oito da manhã. Hoje lembrando de tudo isso, confessando esta parte da minha vida, penso que mesmo com as diferenças tive momentos muito feliz. Meu irmão, esse amor incondicional até hoje, acho que vem de outras vidas. Acho maravilhoso o respeito e carinho que temos um pelo outro, eu o amo muito. Meus pais me educaram da forma que eles achavam correto, mas deixaram muita lição de vida, sinto saudades. Agora uma mulher madura entendo tudo aquilo que passamos quando crianças. Mesmo sendo uma criança danada e questionadora, eu queria família, era só  o que eu queria. Nos desencontros da vida nós não éramos bem uma família. Os últimos anos de vida da minha mãe foi união, hoje tenho meu filho, meu irmão e os seus. Confesso que tudo isso é o que mais vale no mundo. Família. Quero apenas deixar uma observação: Quando menciono irmãos, eu tinha mais um, infelizmente ele era um ser humano difícil de se envolver, estava sempre a parte de tudo. Não houve convivência e cumplicidade. Quem sabe em algum momento eu resolva escrever sobre ele. Que ele esteja bem e acolhido pelo anjos, ele era parte da família que eu tanto ansiava.                                  

quarta-feira, 18 de maio de 2011

HOJE ESTOU ASSIM...

Existem momentos que devemos parar e refletir. Que parte perdi da vida? Seria aquela que eu queria tudo perfeito? Tudo no horário? Hoje estou assim: só pensamento. A vida está sempre nos surpreendendo com grandes surpresas, muitas vezes nós buscamos essas surpresas. Não gosto mais disso! Não quero certos tipos de surpresas. Gosto do meu porto seguro, trânquilo e de águas mansas. Houve um tempo em que vivi em mares turbulentos, não sabia quando era dia ou quando era noite. Deixava apenas que as ondas levassem meu corpo para qualquer lugar, até que o barco virasse. E mesmo que eu me afogasse, não importava. Não queria preocupação em pensar, não queria parar. A cada mínima coisa diferente que me acontecia, eu fazia questão de aumentá-la, eu precisava de agitação, do sangue fervendo nas veias...pura adrenalina. Sentia uma necessidade gigante em suar e cansar meu corpo, senti-lo despedaçando. Minha maior distração com satisfação, seria a de extrair tudo de mim. Cada gota de energia, cada suspiro ou o pouco ar que me restava. Não me sentia viva, mas vivendo uma outra vida...não a minha. Hoje quero o aconchego do meu lar e tranquilidade junto aos que amo. Agora sim, meus dias são decididos livremente com coerência e sabedoria. Não quero mais sustos, nem gritos, nem tão pouco lágrimas. Não quero mais choros de insatisfação  pela falta de reconhecimento . Quero somente o que faz meus lábios sorrirem e meus olhos brilharem. Quero sentar junto da família e falar de tudo e mais um pouco, com risadas, espanto e até mesmo não falar nada. Só o silêncio. Quero ficar aqui escutando minhas músicas prediletas. Lendo textos que me emocionam, me tiram lágrimas e suspiros de amor; ou mesmo até os que me fazem dar gargalhadas. Encontrar os meus amigos verdadeiros: reais ou virtuais. Trocar idéias, confidências e risadas; até mesmo algumas broncas pela ausência. Quero estar aqui jogada em um sofá e meu filho em outro assistindo um filme e dividindo salgadinhos entre uma risada e outra. Não me permito ser usada, nem tão pouco desprezada. Afinal eu me amo. Não quero tarefas e responsabilidades que não me pertencem. Quero apenas o que é meu, quero apenas ser Eu... Aqui no meu canto, passo algumas horas, não quero que nada tire a minha liberdade. Sou como pássaro livre. Não tente fechar a porta ou cortar minhas asas; sou mutante e viro fera.Não magoe minha cria; por ela mato ou morro. Hoje só quero estar aqui...Com este meu silêncio e com o som das melodias que acendem meu coração. Este é meu momento. Eu divido com você, isso me faz sorrir e me enche de alegria. Mas se não puder...me deixe. Hoje estou assim: Colorida, completa e romântica. Nem muito nem pouco...estou o suficiente.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

"Amar você"

Dom maravilhoso que Deus me deu, amar alguém como você. Um amor especial, incrível e único. Um amor que tranquiliza e irrita, faz ser criança e  faz amadurecer. Nos seus braços me completo como mulher. Ah! como é bom pensar em você, quando passa me belisca e corre, quando me dá um tapa  e sorri. No mesmo instante você me abraça e morde a ponta da minha orelha, eu me arrepio, você solta uma risada maliciosa e me puxa para o chão. Para nós qualquer lugar é o suficiente para nos amarmos. Nestes momentos tenho muito medo do amanhã, mas que importa, eu quero o hoje. Tantas coisas se modificaram em meus dias depois que te conheci, eu tinha uma vida um pouco vazia e triste. Você com sua paciência foi modificando meu modo de ser, me tornei iluminada, mais leve e aberta para a vida. Aprendi a sorrir, mas não ser debochada, um sorriso do bem estar. 
Aprendi a chorar, não por qualquer motivo, mas sim por grandes causas... 
Aprendi a deixar você enxugar minhas lágrimas, não sendo vítima, mas sim frágil... 
Aprendi a cumplicidade e a divisão, eu coloco algo de comer em minha boca e a outra parte na sua, você carinhosamente lambe meus dedos... 
Me conquistou aos poucos e sem pressa. Assim fui me apaixonando e me entregando. Não sei se saberia viver sem seu corpo e seus abraços, ou mesmo amar outra boca. As brigas existem, mas são passageiras. Na hora do sono, os corpos juntos, seu cheiro me embriaga e eu me rendo. Fazemos amor como dois loucos, absorvidos pela emoção e tesão incontrolável. Depois o silêncio, a respiração ofegante e os olhares que revelam tudo o que sentimos. 
Ah! como é delicioso amar você, com frio ou calor, no sol ou na chuva, no chão ou na cama. Momentos que jamais serão esquecidos, mesmo que os anos passem, mesmo que tudo isso acabe. O mais importante no momento somos nós e tudo que podemos juntos sentir, fazer e falar. Não quero saber do ontem que já foi, nem do amanhã que esta por nascer.
Quero apenas fechar e abrir meus olhos hoje e sentir você e poder falar: Como é maravilhoso amar você! Depois que escrevi este texto os anos passaram, éramos tão jovens, vivemos momentos bons, alegres, tristes, fáceis e difíceis. Tivemos crises e entendimentos. Um dia você me magoou, danificou minha alma de uma forma que nunca saberá e tudo isso acabou. A minha tristeza foi infinita, sózinha e sem testemunhas. Andei por caminhos de espinhos e escuros. Foi uma batalha sofrida, eu aprendi mais ainda.  Me tornei uma mulher dura, desconfiada, sem sentimentos e muito radical. No primeiro momento sai para o mundo, conheci pessoas, aprendi a beber e chegar de manhã em casa. Me perdi totalmente. Achei até que poderia amar alguém novamente, fui insensata e incoerente. Como poderia amar alguém com o coração todo arrebentado? Com muito ódio e amargo.  Parei geral.  Fui em busca do meu verdadeiro eu. Até então o meu eu estava misturado com o seu, eu não tinha mais identidade. Tive que as duras penas renascer, passei constrangimentos em silencio, me distanciei dos que me amavam, fiquei isolada em busca de respostas. Sei que foi uma dor tão grande, meu coração sangrava eu não conseguia sequer comer ou dormir. Eu o odiei com todas as minhas forças, ofendi, aplaudi cada derrota e não o perdoei, todo aquele amor que durante anos e anos eu senti, virou lixo. Vaguei por igrejas questionando a Deus. O porque?  Onde errei?  Enfim, depois de trilhar caminhos de lágrimas, rancores e ódios, o coração se ajustou quase completamente. Meu momento chegou, todos temos esse momento, essa era minha oportunidade da trégua na minha punição. Foi quando percebi que havia dois culpados, dois errados, eram nós dois, mais ninguém... Deixamos com os anos o vento levar todo sentimento que tínhamos um pelo outro, nos distanciamos, a rotina tomou parte de nossas vidas.  Fiquei dias, semanas e meses em silêncio. Refleti sobre tudo, cheguei a conclusão que as respostas que eu buscava estava dentro de mim. Agarrei minhas respostas com toda força do mundo, aprendi a gostar de ler, escutar músicas. Aos poucos fui saindo daquele baú de velharias, comecei a limpeza. Eu tinha uma dose de amor  guardada, fui doá-lo aos necessitados e aprender a ser solidária. A recompensa foi valiosa. Cresci muito como ser humano, cada dia me tornei melhor. Começou surgir a compreensão, passamos a conversar muito, foi quando descobri que o meu sofrimento não foi maior que o seu, você também havia se perdido e sofreu todas as consequências dolorosas por sua escolha. Trocamos opiniões, confissões por horas na madrugada, chegamos a conclusão que nosso amor foi único, que não haverá outro igual. Mas que o perdemos em algum momento de nossas vidas. Amaremos novamente outras pessoas, com outra intensidade,  nada mais viveremos da mesma forma. Cada ser humano é único, cada sentimento é único. Hoje sou uma nova mulher, e descobri que toda rotina, distancias, falta de envolvimento e cumplicidade também não me fazia bem, poderia até ter acontecido comigo e não com ele. Me sinto de coração leve, sem amarguras, mas com uma pequena coisa ainda a resolver. Sei que chegarei lá. Então neste momento posso falar: Na nossa época, no nosso momento, foi maravilhoso amar você...

terça-feira, 3 de maio de 2011


Hoje senti uma enorme saudades de ler. Fui buscar na minha caixa de livros algo que gosto muito. Lá esta estava ele, perdido no meio de tantos e o marcador me levou a um parte que sempre acabo por suspirar ao ler.
Em tempos de tristezas e solidão foi com essas leituras que me consolei. 
Sentia que meu espírito se tornava mais leve, e eu crescia um pouquinho a cada dia como ser humano. Incrível como ler abre a mente e alivia o coração. Enquanto meu próximo texto ainda esta em evolução, escolhi algo deste escritor  que em poucas frases e palavras expressa um sentimento que todo ser humano busca, o amor pleno de almas. Em algum momento um de nós já se encontrou com sua alma parceira, passou e olhou. Talvez deu importância...talvez não. Para aqueles que ainda não leram este livro fica um dica de uma excelente leitura. 


Amor


"Sempre existe no mundo uma pessoa que espera a outra, seja no meio de um deserto, seja no meio das grandes cidades. 
E quando estas pessoas se cruzam, e seus olhos se encontram, todo o passado e todo o futuro perde qualquer importância, e só existe aquele momento, e aquela certeza incrível de que todas as coisas debaixo do sol foram escritas pela mesma Mão. 
A Mão que desperta o Amor, e que fez uma alma gêmea para cada pessoa que trabalha, descansa e busca tesouros debaixo do sol. Porque sem isto não haveria qualquer sentido para os sonhos da raça humana."


Parte do livro  o Alquimista Paulo Coelho

quarta-feira, 27 de abril de 2011



"Um dia Comum"                                                         

Hoje abro minha janela do quarto, o sol lindo, forte, imponente e com raios luminosos, o dia amanheceu assim...Um lindo amanhecer, cheio de vida e cores. Dei um sorriso e agradeci a natureza pelo espetáculo que me proporciona.
Fui para a cozinha, tomei meu primeiro copo de água gelada, preparei meu cafezinho, vim arrastando meus chinelos com muita preguiça, copo na mão, saboreando aos pequenos goles daquele que tanto gosto, bem devagar.
Abri as cortinas da sala de estar, corri as folhas da janela para esquerda e para direita, debrucei e fiquei observando o movimento das pessoas.
Algumas já acostumadas com minha rotina, erguem o olhar  e me deixam um bom dia, outras deixam um sorriso, tem aquelas que andam olhando ao chão e nem percebem nada em volta e aquelas que já passam conversando sozinhas ou com elas mesmas. Sei lá... Essa nossa vida é tão louca e turbulenta.
Vou ao banheiro e tiro meu pijama de ursinhos. Ele está velho e surrado, mas é bem gostoso de dormir com ele. Tem um tecido amaciado pelo tempo de uso. Entro no boxe e tomo meu banho matinal.
Fico por uns instantes quieta, deixo a água quente escorrer pelo corpo levando o suor da madrugada, os meus sonhos e todos os desejos que tive nas viagens noite adentro.
Abro um pouco mais o registro, deixo a água bem morna e transparente cair sobre os cabelos, tomo o banho vagarosamente, esse é o melhor tempo de relaxamento, desligo e me enrolo na toalha felpuda e vermelha, a  preferida por ser macia e grande.
Me olho no espelho, arrumo meus cabelos, pego um pedaço de algodão molho com uma loção refrescante,  limpo meu rosto e em seguida passo  creme.
Dou um suspiro e penso: Ah! Mais um dia comum...
Entro em meu quarto, escolho uma roupa bem a vontade, uma bermuda e camiseta, deixo a cama arrumadinha, acordo meu filho para o café, logo as ligações para encomendas começarão a chegar, nem dá tempo para mais um momento de preguiça.
O telefone começa a tocar e eu já vou nas minhas anotações, olhares nos armários para ver se tenho tudo que preciso em casa, vou para cozinha.
Quase um ritual sem grandes modificações no dia a dia, tomo mais um cafezinho, fumo tranquilamente meu cigarro, sei bem que não terei mais este tempo, nem para apreciar o infinito olhando pela janela da cozinha debruçada na pia.
Mas antes de separar os legumes e folhas para lavar, resolvo dar uma olhada básica no e-mail. Estranho pois nunca faço isso as nove horas da manhã.
Queria ler e responder um bom dia aos meus amigos reais e virtuais. Isso é muito gostoso quando vejo atualizações dos blogs.
Liguei o computador, logo entrou a página principal de notícias, comecei a ler, parei, fiquei sem fala, sem ação...estava atordoada com o que estava lendo: "Um jovem entrou em uma escola no Rio de Janeiro atirando em crianças e adolescentes!!!" 
O que leva um ser humano a cometer um ato assim, como chegamos a esse ponto? A solidão, a falta de carinho os pensamentos sombrios?
Nada saberemos de concreto e verdadeiro, nada justificaria o seu ato, ele levou consigo todas respostas verdadeiras, lamentei por este ser humano.
Chorei, chorei muito. Eram apenas crianças...somente crianças!!!. O que elas tinham a ver com qualquer que seja o problema daquele rapaz?
Meu dia se tornou escuro, sem motivação, frio e triste. Quanto mais eu pensava, menos entendia e mais chorava. 
Tenho muita fé, mas juro que nesse momento, perguntei: Deus, porque permitiu isso? Claro que nem deveria ter questionado, quem sou eu. Mas aquele foi meu primeiro impulso.
Tudo saiu da rotina, nada mais estava em seu lugar, eu não me achava e não consegui fazer render todo o meu trabalho naquele  dia.
Meu filho sentiu o quanto fiquei abatida. Nosso almoço que é sempre com conversas, ficou mudo. O nosso silêncio tomou conta da casa.
O que nos restou foi apenas o sentimento de tristeza por todas crianças que se foram e pelos seus familiares, principalmente pelas mães. 
Então em um momento mais lúcido pedi perdão a Deus por meu impulso da pergunta. Pedi a ele que desse conforto aos familiares e abrandasse o coração daquelas mães.  
Simplesmente do nada e sem planejamento algum, a minha quinta-feira passou a ser um dia totalmente "Incomum."

07/04/2011 Má Ibrahim