segunda-feira, 5 de setembro de 2011



Quando o coração grita...


Existem dias em que o coração grita. Até sentimos que ele esta sufocado, apertado e magoado, mas vamos levando.  Aprendemos que tudo passa e que tudo tem seu momento. Tá bem, vamos esperar.  Mas e ele espera?  Não, ele não espera. Todos os dias e a todo momento ele dá um sinal. Pede socorro, dói, acelera, dispara e em algum momento para...
Porque não entendemos o momento de gritar, de falar até não ter palavras, como chorar até não ter lágrimas. Somos influenciados a engolir o choro, o grito, as emoções e frustrações. Quando crianças falamos, choramos e gritamos, alguém sempre chega e pede para não fazer assim, não ser assim. Vamos nos condicionando, os anos passam, aquilo tudo guardado vai crescendo como uma bola de neve. Durante anos da vida prevalece o silêncio, coisas acontecem e só observamos, não reclamamos e nem cobramos. Enfim, chega um determinado momento na vida que saímos desta zona de conforto. Soltamos a língua, não engolimos sapos nem lagartos. Paramos de aceitar o convencional, queremos mais...
Acredito que estou entrando nesta fase. Lembro bem quando minha mãe falava: Agora estou velha, falo o que quero, reclamo e cobro meus direitos, quem pode fazer algo? Ninguém pode... Respeitávamos suas rugas e seus cabelos brancos. Era um direito dela de revindicar os seus sonhos perdidos e calados por anos. Estou adiantada nestas cobranças, não me sinto velha, mas me sinto enganada, atropelada todos os dias. Não aceito pessoas hipócritas ao meu lado. Não aguento mais lamentações. Gosto de vida, de alegria e de cores. Quando não posso dividir isto com alguém, me recolho no meu mundo até passar. Também não sei se é o certo ou errado, mas no momento é o melhor para mim. Claro que existem pessoas que temos uma afinidade muito grande, e essa sim, acabamos contando o que nos ocorre. Sinto meu coração gritando! Eu precisava falar, chorar, lamentar ou escrever... Resolvi chorar e depois escrever. Assim eu me sentiria mais leve e mais pura para escrever algo com honestidade. Ao acordar no domingo, um sol radiante entrava pela minha janela, tinha meus planos. Meu telefone tocou, era bem cedo, uma notícia me abalou, meu coração ficou nublado, apertado e com vontade de soltar um grito. Mas a única coisa que consegui foi soltar as lágrimas, muitas lágrimas. Lembrei de pessoas que reclamam de tudo, outras que não percebem quem esta ao seu lado...Só existe a pessoa!!! Dos que tem fome e frio. Das crianças na rua morrendo com as drogas, sendo estrupadas e usadas pelos monstros chamados "seres humanos". Dos idosos jogados ao vento depois de tanto se doar. Mas a lembrança mais emocionante foi o sorriso de uma amiga, que mesmo com as adversidades lutou cada dia contra a doença maldita chamada câncer. Bravamente e corajosamente venceu esta doença todos os dias por anos afio. Mas na madrugada de sábado ela se foi, acabou sua batalha e sua luta. Seu sorriso esta na minha memória e no meu coração. Fiquei triste pela partida, ao mesmo tempo sei que ela descansou e que segundo minha crença, ela já esta em outro plano. Mas lamentei pelas pessoas que ficam e continuam se lamentando, se arrastando ao mundo como se fossem doentes irrecuperáveis. Gente mesquinha que dá com uma mão e tira com a outra. Lamentei por este nosso mundo corrupto, cheio de lixo e de pessoas sujas. Foi neste momento que consegui deixar meu coração gritar, me joguei na cama e lá sozinha gritei e chorei, falei muito com o Pai do Universo. Pedi que abrandasse meu coração. Chorei  todas as minhas lágrimas e dores pelo filho que ela deixou com seus 9 anos. Já se passaram horas, estou emotiva, mas não tão agressiva. Eu tinha que fazer algo para aliviar esta minha dor. Aqui estou, depois de muito tempo. Não sei se os parágrafos estão corretos, se os pontos e virgulas estão no lugar. Também não me importo.
Foi tudo que consegui extrair do meu ser hoje...além das minhas lágrimas.